Nada sabemos…
Há uma grande verdade
No viver de qualquer um
Qualquer dia, qualquer hora
Caminhando vida a fora
O amor antes desconhecido
Terá invadido
Corpo, alma, coração
E a partir desse instante
Nada mais será como antes
O que de você, você sabia
Deixará de saber
Pois se verá fazendo coisas
Que antes nem imaginava fazer
E aqueles que te conheciam
Terão no olhar o espanto
Por também à eles novo
Os atos desse novo ser
Mesmo se for um amor não correspondido
Apenas por um vivido
Ainda irás se surpreender
Por não ter a força
Que antes achava ter
Por não ter qualquer controle
Sobre teu próprio ser
E seguirás entre as flores
Ou dores
Depende do amor que estás a viver
Sendo um ou outro
Já não é mais você
E aquele a quem ama
Dirá te conhecer
Mas é ingenuidade
Apenas o amor sabe a verdade
Conhece cada um na profundidade
O que de nós sabemos
Ou o que sabem de nós
Está na superficialidade
O amor é mais profundo
Sua residência se faz em terras fecundas
Não é na derme que habita
É em terras mais bonitas
Por isso apenas ele sabe toda verdade
Nas palavras antes ditas
Com total propriedade
Onde se dizia
Aquilo que antes pensávamos
E afirmávamos com veemência
Nunca passaríamos pelas dores
Que víamos outros por amores
Viverem suas vidas
No exato tempo que o amor se instala
O antes dito é esquecido
O insuportável é vivido
E no amor não correspondido
Se segue vivendo
Mesmo morrendo
Um pouquinho em cada dia
E assim se vai seguindo
Entre oscilações de pedidos
Se nesse momento se pede
Que do peito se arranque
Esse tal sentimento
Que só trouxe sofrimento
Noutro tudo se inverte
E o que se pede
É que esse amor se possa viver
E também os momentos
Oscilam o tempo todo
Ontem se esforça
Para fechar a porta
Agora essa abre
Quebra-se a fechadura
…
Tu não me conheces
Nada de mim sabe
Por nem eu ser conhecedora
Da minha própria pessoa
Tudo que diz saber
Já morreu sem você perceber
O que eu supunha
Ser minha pessoa
Minha essência
Minha condutora
Ao amar você
Todas as coisas
Seus papéis mudaram
O insuportável
Foi-me muito caro
O muito que eu buscava
Se tornou nada
E nas pequenas coisas
Encontrei o meu tesouro
No que dizem serem migalhas
É hoje pra mim banquete incomparável
E assim eu percebi
O que eu sabia de mim
Nem mesmo posso afirmar
Que existia, enfim
Então, meu amado moço
Não saia por aí
Dizendo sobre mim
Como se fosse assim
O que pelo olhar que vês
A descrição perfeita
Do que de mim diz ser
Pois nem eu mais sou capaz
De afirmar alguma coisa
Dizendo serem essas
As palavras corretas
Que a mim enudece e revela
Já que o que eu dizia
Não cabe nas coisas vividas
Muito menos nesse tempo frio
Em que me reduziste ao abandono
Sem deixar-me um único fio
Como forma de salva vidas
Apenas foste e seguiu tua vida
Levando consigo
Impressões errôneas da minha vida
Descrições repletas de falsas impressões
Pois nenhum de nós
Sabe a verdade que constrói
O coração do outro
Não sei eu nada do teu
Nem tu sabes do meu o que me dói
Então, sigamos mudos
Não falemos ao mundo
Coisas que desconhecemos
Guardemos as palavras
Antes que a lancemos
Pois não sabemos nada
E ao deixarmos livres as palavras
Que achamos serem perfeitas
Para um do outro falarmos
Cometemos um enorme erro
E tudo que dizemos
São apenas coisas
Que ao nosso ego dizemos
Para assim nos satisfazermos
Pela delegação de nossos erros
É então esse ato uma covardia
Que ao outro é adaga fria
Entrando na carne
Mais feridas abertas
Mais dor na certa
Também não se engane
Por manter-se distante
Em completo silêncio
Achar que isso também não profere
Palavras que são puro tormento
Apenas uma coisa eu te peço
Respeita meus sentimentos