O Peso da Mala
Quando desperço-me do dia e deito os sonhos
Nos lençóis de seda ou de chitas, e neles desfaço
A mala pesada do agora a qual sempre carrego,
É como se fosse mais um de despedidas e acasos.
Quando a longa lida me tira do abandono
E a mala do destino diminui o peso dos anos
Faço uma retrospectiva e me ponho a coser
Remendo as partidas, as chegadas nessa vida
E refaço todo um universo e a razão de ser.
Quando vomito as sutilezas e as aguras
Do alto vejo que há enormes formosuras,
Abaixo da terra motivo de brotar e crescer.
Então largo o berço da inocência a saber
Que ao escrever a história sangue há de escorrer.