Perdição: caminho na retidão
Se posso eu nessa vida elevar
Um único pedido para ser atendido
Quero minha voz entoar
E lançar ao vento
Todo meu sentimento
E pedir para arrancar
De minha alma
Essa dor que se chama amor
E não me deixa descansar
É feito doença que o corpo toma
Causando delírios de febris temperaturas
Por estar queimando o corpo vai deixando
Enfraquecido, sem forças para continuar
A cabeça tonta faz alucinar
Imaginando coisas que jamais estarão no olhar
Olhos inchados pelas lágrimas tomados
Mal podem enxergar
O que está perto. muito menos o que distante está
E cambaleando, pernas em trêmulo caminhar
Vou me segurando, tentando não me derramar
Nesse chão que feito cama se põe a me chamar
Não sou nem perto do que eu era
Não me reconheço ao me olhar
Toda minha força foi sendo tomada nessa luta
Que travo contra o que me está a tomar
Sou pássaro sem asas, nem mais sei cantar
Perdi o meu ninho, não tenho mais destino
Presa ao chão, entre amarras nos pés e mãos
Me vejo indo aos poucos ao encontro da morte
E nem sei se esse encontro é falta de sorte
Ou se esse abraço é o que me libertará
Ah! Se eu soubesse que algum dia
Você me procuraria
Eu arrumaria forças
Lutaria feito louca
Mas não desistiria de te esperar
Onde andam tuas palavras?
Por que não diz-me nada?
Não sabes do meu pesar?
Esquecestes das palavras que te deixei ao ouvido?
Não te lembras de tudo que sofri sem você aqui?
Olhe um pouquinho para o teu ninho
Não vês as minhas marcas?
Como podes imaginar que eu apenas esqueceria?
Como não vistes tudo, que sem você eu morreria?
Apresse-se em olhar
Não te deixes emudecido, pelo orgulho a calar
Sobram-me poucas forças
Se me tinhas por louca, louca agora irei ficar
Aprece-se em trazer-me o antídoto para cura
Traga-me essa boca, de beleza pura
Tua imagem, uma figura que me leva ao paraíso
Logre esse delicado aviso
Não tire-me a luz
Tenho medo da solidão nessa escuridão
Venha ser meu sol e abrase meu sofrimento
Implorando estou a ti
Traga-me a graça numa peregrina romaria
Me permita ter-te como amável tesouro
De valor incalculável
E graça incomparável
Estou em desatino
Tamanha dor que meu peito abre
Expondo, sem minha vontade,
Esse meu coração que de meu nada mais tem
Desde o primeiro oi
Foste ele em total espontaneidade
Dado à você sem nenhuma maldade
Anjo que nessa vida conheci
Não me trates como ser do outro lado
Olhe-me com teu coração
Compreenda que de onde vim a ordem era o não
Não me sejas como no outrora
Irradia tua luz e de mim se aproxime
Toma-me em teus braços
Leve-me para o teu lado
És meu anjo e essa é tua missão
Não podes largar a minha mão
Eu sonhava com tantas flores
Perfumadas e coloridas
Dadas a mim com palavras de promessas
Que uma a uma, sem pressa
Iam sendo cumpridas
Nunca a mim deste flores
Arrancaste de mim os sonhos
No meu peito plantaste a dor
Me negou o teu amor
És meu anjo?
Ou me enganei?
Não posso ter cometido tamanho engano
Não posso voltar a cair nesse abismo
Não tenho mais forças, tudo perdeu o sentido
Que faço eu com esse amor que dentro de mim grita,
Com as unhas arranha?
Não me seja outra coisa senão um anjo
E talvez seja por isso
Somos duas criaturas
Totalmente diferentes
Tua és anjo
Eu uma pessoa que erra e se engana
Dessa forma até te compreendo
E meu triste lamento
É apenas ter podido
Amar-te sem dizer-te
Por serem essas a expressão
De que apenas deseja
A prece elevar
E na mesa onde tomas teu café
Revelar-me, enquanto o tomas
E esse ato te rebeldia a ti me revele
Somos parte de uma união
Onde desunidos o coração
Bate mas já não vives
Sei…estou confusa
Mas que dessa confusão
(Ré) nasça o amor no teu coração
És meu anjo
O resto é na tua mão
Apenas digas que aceita
Para que teu rosto eu veja
Sejas meu anjo então
Dê-me logo com tua boca
Para que meu ouvido te ouça
E assim mate essa vontade
Nessa boca da perdição