Duas almas de mãos dadas
Com o olhar perdido
Entre o céu e o infinito
Caminhava, olhando para o nada
A mente completamente esvaziada
Fugia dos pensamentos
De qualquer coisa tola
Uma pequena lembrança
Um sonho perdido no silêncio
De qualquer momento
Apenas caminhava
Quando o olhar
Viu-se envolvido
Por um doce feitiço
Criado por uma imagem
Que fez o tempo dos sonhos
Voltar a memória
Em uma febril viagem
Caminhavam de mãos dadas
Duas almas nunca antes vistas
Mas que tinham as características
Do que antes se podia
Afirmar sem qualquer dúvida
Representarem o que seríamos
As diferenças naquelas almas
Também eram nossas diferenças
Podia-se desenhar na palma
E meus olhos antes perdidos
No olhar o que a sua frente via
Se fizeram compelidos
Se encheram completamente
Não apenas das lembranças
Mas também de grossas lágrimas
Como no tempo de criança
E num sem qualquer desejo
Em meio aquela rua
Se derramaram, se fizeram pranto
Deixando minha alma nua
E eu me perguntava
Por quanto tempo ainda
Você habitaria
Dessa forma em minha vida
Eliminando qualquer alegria
Fôra a tanto tempo
Sem qualquer arrependimento
Eu já nem tenho esperança
E você vive em minhas lembranças
Eu confesso que tento
Arrancar-te do peito
Sigo evitando de todo jeito
Qualquer coisa que te lembre
Mas é inútil
Num fragmento de segundo
Me pego em você pensando
Em mim as palavras gritam
Em você silenciam
Fico imaginando
Que por tudo que passamos
Por ter-me dito tanto
E partido sem retorno
Teu coração hoje
Já deve ter outra
E segue sem lembrar
Do quanto sigo a te amar
Talvez em alguma curva
Dessa ou de outra vida
Eu volte a te encontrar
E toda essa dor possa passar
É apenas um talvez
Que me povoa
Sei ser incerto
Sei ser mais improvável
Mas esse é meu bálsamo
É o que tem me sustentado
Se não te arranco
Sigo esperando
Por um tempo onde eu possa
Ser a alma que caminha
Ao teu lado de mãos dadas
Nas diferenças completada
E assim em meu rosto
O pranto será trocado
Por um lindo sorriso
E me sentirei no paraíso
É sonho
Eu bem sei
Mas se não te arranco
Resta-me o sonho
E nada mais depois
Por isso aquelas duas figuras
De mãos dadas caminhando
Despertaram-me do vazio
E jogaram-me no pranto
Num mundo unicamente frio