VENTOS GALÁCTICOS

VENTOS GALÁCTICOS

 

Se o Universo fosse mais sério,

Não me esconderia do horóscopo,

Pois se quero ver sem mistérios,

Eu acendo o caos com um fósforo.

 

O que posso ver além do ístmo,

Pode ser mar aberto sem rumo,

Mas disseram que sou algoritmo,

E já sabem do meu eu profundo.

 

Quando eu digo que desejo algo,

E a procura é apenas um momento,

Minha busca difere de um galgo,

Pois sou tartaruga ante o vento.

 

Viajar além da porta hercúlea,

Me dirá se eu aguento oceanos,

Porque saio de onde vi Siracusa,

Com as botas além de Herculano.

 

Só almejo algo na posteridade,

Como a réstia de sol no eclipse,

No consolo de viver de verdade,

Cada verso que talvez eu edite.

 

Com palavras talvez não escreva,

O que tanto me aflige a loucura,

Mas, quem sabe, um dia descreva,

Os segredos da minha procura.

 

O que busco é de um modo tão só,

Como a sina de um velho cometa,

Que transita liberto de um sol,

Mas que volta como luz e gameta.

 

E serão esses ventos galácticos,

O reflexo maior de toda criação,

Pois nos cercam de modo errático,

Para ser gozo ou revelação.