OLHAR

Por vezes eram teus olhos

a me rasgarem as opacas sensações,

irís flutuando nos desejos líquidos,

como a me embebedar de tuas densidades.

Nelas me convido a mergulhar,

náufrago das infinitas possibilidades.

Eu os vejo

como um só espelho,

a refletir inquietudes,

lâmina a sangrar-me os medos,

desfaleço de todas as tediosas vigílias,

e ressuscito em desvarios.

E tento navergar-te

em teus oceanos de retina,

nas retintas formas de sedução.

Se turva ou cristalino,

torno-me me refém da indivisível captura,

no instante que antecedeu

o ótico silêncio,

já me quedava em contemplações...

Por vezes eram teus olhos,

já em todas as outras perenidades,

era o hipnotizante exercício do teu olhar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 17/10/2023
Código do texto: T7910532
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.