OLHAR
Por vezes eram teus olhos
a me rasgarem as opacas sensações,
irís flutuando nos desejos líquidos,
como a me embebedar de tuas densidades.
Nelas me convido a mergulhar,
náufrago das infinitas possibilidades.
Eu os vejo
como um só espelho,
a refletir inquietudes,
lâmina a sangrar-me os medos,
desfaleço de todas as tediosas vigílias,
e ressuscito em desvarios.
E tento navergar-te
em teus oceanos de retina,
nas retintas formas de sedução.
Se turva ou cristalino,
torno-me me refém da indivisível captura,
no instante que antecedeu
o ótico silêncio,
já me quedava em contemplações...
Por vezes eram teus olhos,
já em todas as outras perenidades,
era o hipnotizante exercício do teu olhar.