Insônia
Na densidade da escuridão
De outra noite nos braços da insônia
Bateu forte o coração
Revivendo as memórias
Descobri do pior jeito
Que quem ama vive a procura
De achar um jeito de diminuir a tortura
Do que causa essa imensa
Dor que vive no meu peito
É pura loucura
Já perdi as contas das noites de insônia
Também perdi de mim a velha esperança
Guardei a sete chaves algumas lembranças
Que me são caras e imensamente raras
Nessa escuridão que vivo
Muito tenho sofrido
Mas mais nada eu te digo
Por ter na memória ainda vivas
Tuas palavras a mim ditas
Confesso que por um tempo
Descri do que ouvi
Por isso ainda tentava
E a você eu procurava
Mas cada vez que comigo falava
Era para trazer mais dor
E deixar-me claro que comigo não se importava
Enquanto isso eu passava pelo inferno e te chamava
Te pedia para que minha mão segurasse
Mas de você recebi um claro não que não entendi
Pensei serem palavras e continuei a esperar
Que tudo mudasse e voltasse para me buscar
O tempo passava e de você eu já não tinha nada
Vivi os meus piores dias na solidão abandonada
E você nem por um segundo dirigiu-me nenhuma palavra
Nem mesmo me perguntou como eu estava
E foi naquele dia que a esperança foi enterrada
Morreu ela e também eu morri
Ambas fomos enterradas
A partir dali eu deixei de insistir
Meus olhos eram oceano
Tudo depois dali foi completamente insano
Eu vi você ir
Parada
Não disse mais nada
Ficou em mim todo amor que sempre senti
Mas ele sabia que dentro de mim eternamente habitaria
Sem nunca sentir
Que pudesse ir
Se expandir em ti
Por saber que viveria
Para sempre no abandono
E nesse momento vi a contradição
Do que sempre a mim dizia
Criticando a minha maneira
De o amor querer viver
Pois para você
O pra sempre não existia
Mas hoje posso dizer
Que o pra sempre existe
Pode não ser
O que eu sonhei
Mas é pra sempre
A dor de ser eu
Eternamente abandonada
São frias as noites de insônia
Frios os dias de agonia
Eu sigo dia após dia
No silêncio mais profundo
Em um mundo que não é meu mundo
Respirando fundo
Encontrando forças
Na dor infinda
Retirando o corpo
Do jazigo para enfrentar a vida
Eu apenas sigo
Na dualidade
De uma vida sem vida
De uma alma cheia completamente vazia
De um amor eterno sem amor por perto
Então eu sigo
As mãos vazias e frias
E vou mentindo
Dizendo que estou bem
Por saber que a ninguém
Importa que sigo no mundo dos vivos
Já estando morta
…
Foi só outra noite
Bem sei que não se importa
E continuarei
Em silêncio, não baterei na tua porta