SÃOS OU DEMENTES

SÃOS OU DEMENTES

 

Nós perdemos a chave do Éden,

Desde o dia que a ira nasceu,

E os portais enferrujam na neve,

Mas também num profundo breu.

 

Nós entramos na casa das trevas,

Sob o manto do deus Armagedom,

Lá fazendo ofertas e entregas,

Do que fosse o mais puro dom.

 

Desfolhados da bondade e o amor,

Até mesmo um casal não tem sorte,

Se alguns sonham com o terror,

Quando desejam a outrem a morte.

 

Nós devíamos entender os astros,

Que, mesmo longevos, se esvaem,

Desde o dia de forno bem casto,

Até quando expandem e se vai.

 

Então, nossa passagem é efêmera,

E a eternidade não posso explicar,

Nem sobre o portal ou o barema,

Que me digam onde irei descansar.

 

Todos acham a vida explicável,

Mas o segredo do mundo é etéreo,

Não se mostra ao ser miserável,

Se a miséria é nosso impropério.

 

Nós devemos ter parte com o Cosmos,

E buscar o sentimento dos cometas,

Se acender e apagar com o relógio,

Que nos diz ser ainda os gametas.

 

Nós seremos algo mais no futuro,

Se esse estágio é só aprendizado,

Pois mistérios são luz e escuro,

Alternados em modo de reisado.

 

São as festas no Cosmos estrelado,

Que nos dirão até quando há ternura,

Ou as aves no trigal em trinados,

Louvarão com mais amor e candura.

 

Se amanhã chegará o tal meteoro,

Que irá nos varrer desse oceano,

Só o amanhecer dirá se imploro,

Ao Senhor que me tornou humano.

 

Querer ter mais dias nesse plano,

Só demonstra um viés inconsciente,

Pois cada viagem nesse altiplano,

Me dirá sermos sãos ou dementes.