BURACO NEGRO CARONTE

BURACO NEGRO CARONTE

 

Quem sabe a cara de cada dia?

Pois no caos há luzes e breus,

E se queremos paz e harmonia,

Devemos buscar junto a Deus.

 

Nosso espaço onde o Sol está,

É um lugarejo na via de leite,

À espera da noite eterna que virá,

Quando já não ferver seu azeite.

 

Antes disso, o Sol vai inchar,

Vai virar uma gigante vermelha,

E não vai mais sobrar seu lugar,

Para a vida manter a centelha.

 

Se a vida que estiver nesse lar,

Quiser ir pra bem longe do ocaso,

Imaginem o que poderá encontrar,

Só não vou lhes narrar esse caso.

 

Se estarei vivo com corpo e alma,

Só a mora dirá para cada platéia,

Mas não sei se dá tempo ter trauma,

Ou estaremos de volta à pangéia.

 

Tudo o que vejo não é o futuro,

E nem mesmo um sujeito presente,

Pois a luz que enxergo é o escuro,

Desde que meu passado é ausente.

 

Mas estou no passado dos astros,

Pois a luz vem veloz e de longe,

E só não chega sobre meus castros,

Onde o buraco negro é Caronte.