Hiato

Não me lembro de quanto tempo faz

Desde a última vez que me vi a sonhar

Também não me lembro de me olhar

E ter sentido algo que me satisfaz

Tudo que me lembro

E queria esquecer

É do teu nome

E tudo que ainda sinto por você

Vives no que sinto

No que não digo

No nunca adormecer

Vives no meu tentar te esquecer

Te vejo em meus sentidos mais desertos

Nas miragens duma cena além do lar

Rolando a pedra dum sarcófago aberto

Que não exala cheiro, só mal-estar

Te vejo no meu passado

Na pedra que lacra o lugar

Onde decompõe meus sonhos

E meu corpo paralisado está

Te vejo na porta da alcôva -que outrora

Fôra a Fonte da Paixão (lubricos prêmios)

Mas o Anjo do Juízo julgou: Fora!

E queimou os sonhos em um incêndio

E no fim desse penar eu meço o imenso

Hiato que há entre a lágrima e o lenço

E as esquivas desde o encontro à despedida

Eterno amor já morto onde jaz meu corpo

Vive um vazio em mim ao lado do mundo inteiro

E o Sol da ira sobre a Esfinge de gelo

Que esvai-se em águas frias

Sem qualquer alegria

Como no céu a lua

Faz o amor viver

Em corações serenos

Vivo por amar você

Mas como o Sol e a Lua

Que juntos nunca irão viver

Assim também eu sinto

Que jamais estarei com você

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 05/10/2023
Código do texto: T7901952
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.