VIVOS E PRESOS

VIVOS E PRESOS

 

As feras estavam adormecidas,

E o sangue estava coagulado,

Mas acordaram com os formicidas,

E o ódio implantado no gado.

 

Quando o povo tinha humildade,

Talvez fosse por falta do ouro,

Que corrompe a alma e a verdade,

Pois propõe uma caça ao tesouro.

 

E os pseudo donos da fortuna,

Estabelecem o império do medo,

Matam o índio com sua borduna,

Não vendo demônios no espelho.

 

Até mesmo Narciso é culpado,

Pois se achou belo e perfeito,

Sem olhar nem mesmo pro lado,

Sendo esse seu maior defeito.

 

Orgulhoso, o humano se extingue,

Pois não sabe o motivo de estar,

Mas também vive como estilingue,

Querendo matar, se não sabe amar.

 

Os homens sobejam em selvageria,

E um combate é tudo que esperam,

Se não crêem em paz e alegria,

Pois estão a rosnar como eram.

 

Já foram bestas sem apocalipse,

Pois eram todos comuns à selva,

E os astros traziam os eclipses,

E o conceito do que se encerra.

 

Mas tudo é eterno fora da carne,

Porque somos frutos da energia,

Que se junta ou torna em partes,

Mas são modos de céu e alforria.

 

Quando estamos vivos e presos,

Cremos que o poder é bem nosso,

Mas a liberdade e os degredos,

Nos propõem um novo negócio.