Baú de saudade
Veio o vento
Levando as folhas
Que erguidas voam
Quase parecendo
Pequenas borboletas
Alegres e faceiras
Mas por capricho
O belicoso vento
Pára teu movimento
E as folhas despencam
Assim também me sinto
Por capricho de um tempo
Revisando meus guardados
No chão aqui largado
Um baú juncado
Onde nele encontro
Junto a papéis envelhecidos
Com antigos escritos
Esquecidos nesse tempo
Trovas de um amor
Poemas onde se guardou
Amor e muito carinho
Cartas bem escritas
Contando a minha vida
Recados com perfume
Embrulhados no ciúme
Um feixe de papeizinhos
Envolto com cetim
E um delicado lacinho
Tudo bem guardado
Nas letras bem desenhadas
Entre sonhos e lágrimas
Pois sem recebeste
A mim devolveste
E foi tudo que restou de nós dois
Onde o amor ardente
Com paixão registrou
Cada sentimento
De alegria ou dor
Tudo coloquei no papel
Colorido como o céu
Amor que eu amei
E os meus olhos iluminou
Sonhos que eu sonhei
Pelos teus verdes olhos
E no brilho deles me iluminei
E nesse tempo de vento
Pela primeira vez fiquei
Crendo na esperança
E feliz me achei
Eram doces as palavras
Que no papel desenhava
Enquanto sussurrava
O quanto te amava
Mas me distraí
O vento não vi partir
Por estar dando atenção
Somente ao coração
Fiquei só no momento
Não esmiucei o sentimento
E assim apenas no sonho vivi
Falhei e nem percebi
Na utopia achei que vivia
E cada palavra
Dita ou no papel desenhada
Virou pra você nada
E a dor então vivi
Vi você partir
Apagou tudo que escrevi
Restou-me esse baú
Por nele ter guardado
O que a ti nunca foi enviado
Devolveu-me tudo
Quando fez uso das palavras
Que a mim dispensava
Só não devolveste a mim
O amor que dei a ti
Esse o levaste
Como levaste de mim
O coração que despedaçado
Já não batia enfim
Hoje, em ventos parados
Sentada junto a esse baú
Cada montinho de papel guardado
Vou relendo e lembrando
De todos os sonhos
E como as folhas deixadas
Pelo chão largada
Por capricho do vento
Estou aqui sentada
Também no chão largada
Com o mesmo amor daquele tempo
Que me erguia e me levava
Pelo céu do sentimento
Que agora guardo no baú
E nas escritas do papel
Amarelado pelo tempo
De um sonho que o vento
Fez despencar e no teu coração morrer