Nada muda

Não importa onde estou

O meu leito é eternamente frio

As noites me açoitam

Dormir é impossível

São outras paisagens

Que vejo pela janela

Mas a solidão que invade

Não vê beleza nelas

O coração só bate

Por ser organicamente assim feito

Mas bate sem vontade de bater

A dor que sente

Traz o desejo inocente

De nada mais querer viver

O olhar permanece distante

Desligado do lugar

As lágrimas insistentes

O impedem de enxergar

A boca sempre selada

Sem ter com quem falar

Palavras e mais palavras

Guardadas sem as pronunciar

Tudo dentro do peito

Vai se acumulando

Quase já não existe

Espaço ou um canto

Para tanta dor guardar

Me tornei reclusa

Do mundo me afastei

Nada nele achei

Só dor e abandono

Desde o primeiro instante

Que ao mundo cheguei

Por vezes eu me sinto

Um espectro perdido

Que não compreendeu

Ou apenas não aceitou

Que seu tempo acabou

Pois me sinto invisível

O que sinto imperceptível

Tanto faz se sinto ou não sinto

Minhas mãos seguem frias

Nenhuma outra nem as tocou

Meu caminho é sempre solitário

Ninguém caminha ao meu lado

Entre noites em claro

Vou seguindo meu destino

Me despi de velhos sonhos

Desfiz os planos

E apenas vou caminhando

Por lugares que pela janela

Minhas lágrimas derramo

Ainda presa em um passado

Que jamais estará ao meu lado

Quisera eu que essas lágrimas

Fossem como as águas

De um bravio rio

Que pela cheia provocado

Se derrama por todo lado

Em fúria arrancando

O que teu caminho prende

E assim fazendo

Suas águas vão carregando

E outra história fazendo

Se minhas lágrimas assim também fizessem

Arrancassem tudo que sinto

Nova vida me trouxesse

Ah! Creia-me, não minto

Choraria sorrindo

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 30/09/2023
Reeditado em 30/09/2023
Código do texto: T7897643
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