TEMPEROS E REZAS

TEMPEROS E REZAS

 

Um peixe espada e um agulhão,

Singram o mar com suas belezas,

Não são de esgrima ou timão,

Mas são saborosos nas mesas.

 

Eu sei que teremos temperos,

E cá na Bahia tem leite de coco,

Mas colho frutos de dendezeiros,

Que dão o gosto mais louco.

 

Misturo a pimenta e tomates,

Coentro, alho e a cebolinha,

Mas a cebola é um arremate,

Fritando o dendê de mainha.

 

Pego os biribiris no quintal,

Os quais eu coloco no molho,

Uso pimentas e pitadas de sal,

Mas tem a fritada de repolho.

 

Além disso tudo vem a farofa,

Senão meu Exu vai reclamar,

Pois salvo primeiro a porta,

Para só assim poder festejar.

 

E a cereja do bolo é o galo,

Que corto para o meu orixá,

Pois, sendo caipira, é regalo,

E lhes sirvo um trago pra já.

 

Pra quem pode e gosta tem cana,

Mas para as crianças tem guaraná,

E as rezas que são tão bacana,

Pois une meus versos com ijexá.

 

E como falei no início da prosa,

Além de um galo, posso ter peixes,

Que vem do rio que há lá na roça,

Ou vem do mar de bantus e jejes.