RISADAS E LÁGRIMAS
RISADAS E LÁGRIMAS
Vou parafraseando meu Caetano,
Dizendo que respeito minhas risadas,
Mas declamarei nesse lar de oceano,
Que sou feito de sinceras lágrimas.
Vou falar nos momentos melhores,
Que vivi desde quando eu nasci,
Mas eu sei que chorei nas dores,
Que venci para estar por aqui.
Se fui abiku, saberei nos búzios,
Pois chorei no ventre de mainha,
Se faltou água pelos dois turnos,
Isso antes de Oxum ser rainha.
Sobreviver num vale de lágrimas,
É uma arte que me lembra o Saci,
Pois o choro são gotas trágicas,
Não sendo comum ao índio tupi.
Se eu corro a chorar pelas matas,
Com gotas que orvalham dos olhos,
Vão dizer que chorar dói e mata,
Mas eu sei ser amor que imploro.
E, crescido, ainda choro demais,
Mas oculto as gotas ao vento,
Pois os inimigos são por demais,
As tragédias que tanto enfrento.
Se as palavras fincarem na rocha,
Com certeza eu serei mandamentos,
Mas lhes digo que tudo é da prosa,
Que, por dias, eu tive e comento.
Disse a Deus, pelo Aiê e o Orum,
Que os passos darei no meu tempo,
Pois não sei ser melhor que Ogum,
Mas sou dele em todos eventos.
Talvez falem, cadê minha Oxum,
E lhes diga que falo bastante,
Do que vejo além do comum,
E não guardo na vossa estante.
Então, leia os meus predicados,
Diga a todos que viu a loucura,
Tudo enquanto eu jogo os dados,
Ou as cartas que tanto procuras.