Revolta do mar

De um tempo já distante

Na memória trago comigo

A areia fofa que aos pés carícias permitia

O aroma salgado das águas do mar lançadas

O vento cativante que os cabelos fazia esvoaçantes

Era o meu refúgio

Meu lugar seguro

Lágrimas e águas

Ambas se misturavam

E a vida renovava

Sinto saudade

Saudade daquelas águas

Saudade daquele vento

Saudade do pé na areia

Hoje vivo distante

Não ouço o mar cantando

Os pés areia não sentem

As lágrimas só encontram solidão

Sinto falta dos dias de vento

Onde o mar era provocado

Maliciosamente

E logo reagia

O silêncio não permitia

Erguendo-se em ondas

Que em pedras batiam

Magestoso as elevava

Em altura inesperada

Que perfeitas esperavam

Quem as abraçassem no imaginário

Lançando-se dentro delas

Perfeitas esperavam

Mas ninguém as abraçavam

E num repente se desfaziam

Lançando-se como espuma

Sobre a branca areia

Espuma que traduziam

As lágrimas do mar sentido

Pela impossibilidade

Do abraço desejado

Tantas vezes imaginado

E outras tantas adiado

Enciumado

Também o vento dá as costas

Busca outras paragens

Arranca das árvores

Suas folhas com fúria

Jogando-as para baixo

E levantando a poeira do caminho

Em torvelinho

Empoeirando as casas

As ruas

Em um descompasso sem fim

Também eu me encontro assim

Açoitada pelo vento

Perdida em pensamentos

Olhar perdido no mar revolto

Que um dia o presenciei

Em total calmaria

E o apreciei

Também eu sinto um arrepio

Quase um calafrio

Pelo abraço tão esperado

E nunca dado

Tantas vezes também adiado

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 26/09/2023
Reeditado em 26/09/2023
Código do texto: T7894908
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