LUZ QUE SE FAZ

LUZ QUE SE FAZ

 

Ainda não sei se terei futuro,

E se daqui a cem anos viverei,

Se, além de filhos, eu procuro,

Os netos que eu sempre sonhei.

 

Se pensares como eu, está certo,

Mas se duvidares, direi de novo,

O mais que eu penso ser correto,

Se um taurino é sempre teimoso.

 

Tudo passa pelo gene ancestral,

Se estou vivo e devo a alguém,

E se estarei além desse portal,

Eu não sei, mas só quero o bem.

 

Tudo aqui é o reflexo dos dias,

Como ciclo que tanto se repete,

E se tive ou vou ter alegrias,

Só depende do que nos compete.

 

Nesse mundo e nessa natureza,

Nada ocorre sem causa e razão,

Se até o bonde de Santa Teresa,

É como a história de cada chão.

 

Desde tempos que fogem à memória,

Quando tudo era nada e sem carnaval,

Que povos brigavam só pela glória,

Como Aquiles ou mesmo Assurbanipal.

 

César me disse que viu e venceu,

E Alexandre cortou seu nó górdio,

Como estive nos tempos de Odisseu,

E montei sem rédeas num unicórnio.

 

Teve o tempo em que peso era força,

E todo lutador de sumô era gordo,

Ou se hoje o ouro é cota na bolsa,

Eu morro e o enterro é tão morno.

 

Ninguém se compadece dos mortos,

Porque não há mais amigo sincero,

E se eu falo e até me comporto,

A vida me diz: - Não te quero!

 

Então, todos morrem e somem,

Pois a luz que se faz, logo esvai,

E Fiat Lux me lembra o homem,

Querendo ser Deus como o Pai.