Sonhos em tempestade
Entre o crepúsculo e a aurora
Vago em meus pensamentos
Sem contar os segundos desse tempo
Que se esvai com as lágrimas desse agora
Tempo infecundo
Na alma um breu profundo
O olhar perdido
Entre o que não existe
E os devaneios contidos
Morrem e renascem sentimentos e dores
Em um mundo onde as cores
Cederam à escuridão
Na cegueira consciente
De que a mim a verdade mente
Quase louca, por um breve instante
Creio no improvável
Que nesse instante
Faz acelerado meu coração
Que por assim crer
Quase penso que possa ser
Esse instante a verdade incontestável
Mas é breve e logo o vento
Desfaz esse pensamento
E se antes o tempo
Era brisa
Passa ser tempestade
Ventania
Que destelha a vida
E por maldade
Inunda cada canto
Destrói os sonhos
Afunda no abandono
E completamente perdida
O olhar revela a dor
Onde a alma se afundou
Vou ficando aflita
Nesse mundo sem cor
Tempo de tempestade
Lágrimas e solidão
Ocultos no negro breu
Que se perde na imensidão
Coração dispara
Em outras quase pára
E sigo acordada
Entre sonhar acordada
E a realidade que trago nas mãos
Por algum tempo
Com os olhos embaçados tento
Ver a realidade
Para tentar resolver
A dor que agora
Não me permite ter
Uma noite de sono
Um único sonho
Onde eu pudesse feliz ser
Quisera ser essa dor
Um pássaro que em mim
Pousou para que assim
Eu pudesse assustá-lo
E suas asas, enfim
Batesse para longe de mim
Estou cansada
Corpo e alma
Tanto tempo tentando
Encontrar um canto
Para ter por fim
Onde descansar
Poder deixar a luz entrar
E lá na alma chegasse assim
O calor que faz aconchegar
Para os olhos fechar
E nesse momento
Voasse com o vento
Lá no alto, essa minha alma
E terminasse esse tormento
Mas é outro sonho
Na real vida que tenho
As lágrimas são extensão do meu lamento
E sigo assim perdida
Nesse tempo de vida
Em que vida tenho
Mas não tenho vida
Vivo aumentando as feridas
Nessas tempestades da minha vida