Gélido partir
Na face quente um gélido frio
De um vento que vem do norte
Não como presságio de sorte
Mas sinônimo do meu delírio.
Meu corpo não se mexe mais
O coração bate descompassado
Sinto esfriar nas veias o sangue
E para mim já é tanto faz.
Sinto vir o descanso eterno, meu doce abrigo
Minha alma triste e despedaçada
Quer o repouso, e o sono amigo
Já vem cerrar-me as pálpebras cansadas.
Das amarguras dessa terra eu me desligo
Para sempre desato os nós … não sou amada
Ninguém soluça por mim, mas mesmo assim bendigo,
Todas as almas por minha alma abençoada.
Sei não ter sentimentos por mim
E quando eu me for, anjos da guarda,
Quando vier a morte que não tarda
Roubar-me a vida para nunca mais, lágrimas não terá por mim.
Não haverá pranto, não registraram sobre a minha lousa:
“Longe da mágoa, enfim, no céu repousa
Quem sofreu muito e quem amou demais
E nessa terra nunca teve paz”
Até em um túmulo abandonada
Como abandonada nessa vida
Por isso desejo o ar e poeira virar
Para nesse fim não ser um túmulo de uma alma despedaçada.