FRUTO DE APRENDIZADO

FRUTO DE APRENDIZADO

 

Talvez um dia eu vá ao Ártico,

E encontre focas tomando sol,

Talvez eu chore como lunático,

Se não mais canto um tom bemol.

 

Eu penso em cada lugar da Terra,

Pois não há muros pela natureza,

Mas os meandros de rios e serras,

Enquanto busco minhas certezas.

 

Tudo que sei é fruto de aprendizado,

Pois se não guardo, talvez eu erre,

Mas devo ter meu olhar nos ditados,

Que dizem até quando um bule ferve.

 

Mesmo agora, enxergando o Cosmos,

Sei que há bem mais que aprendi,

Mas também sei que não concordo,

Com as violências que já sofri.

 

Aqui nós temos vidas e mortes,

Tudo em entrelaces de mil enredos,

Mas para alguns é azar ou sorte,

Pois há sonhos, delírios e medos.

 

Quem sabe um dia eu me contento,

Bastando um teto, cama e cozinha,

Junto a um tanquinho de cimento,

Mas tendo altar e uma quartinha.

 

Eu vou viver somente esse dia,

Para depois querer ter outro,

Pois acordar não é fantasia,

Mas é real, se eu abro o olho.

 

Se o que vejo pode ser agonia,

E não guarde mais do que mereço,

Tudo que peço é a minha alforria,

Quando só à luz é que me aqueço.

 

A liberdade nos cobra o horizonte,

Sem ter traves para a luz e o real,

Por isso não uso chifres na fronte,

Pro laço que me quer por serviçal.