Amor em outro plano

Entre os ventos

Entre temporais

O sentimento

Vira lamento

Que dos olhos brotam

Nos pingos de lágrimas

Misturas a chuva

Dor que não termina

Fere-se a pele

O sangue esvai

Pintando de rubro

A poça de água

Debaixo dos pés

A água não purifica

Não repara

Já não procuro

Pelo retorno vital

Corpo leitoso mudo

Na água cai

Na poça rubra

De lágrimas e chuva

E dali não sai

Esse é o destino

De quem fica para trás

Rompem as fibras do peito

Fere o coração

E em sangue a vida se esvai

Não é a superfície

Não é na pele

É na pele e carne

É no músculo vital

Ferida por fora

Ferida por dentro

Sou pura dor

Puro lamento

Morro por amor

E nada mais

Preciso sonhar

Apagar a realidade

Criar meu mundo particular

Onde não sinto nada

Não há dor nem lamento

Meu peito inteiro

Guarda meu coração

Sem um arranhão

Preciso sonhar

Preciso alinhar

Cada um dos meus sentimentos

Preciso me perder

Nos sonhos sem você

E ao despertar

Que me encham esses sonhos

De pequenos enganos

Que me permitam fazer planos

De um amanhã viver

De olhos abertos

Mas mesmo em caminhos incertos

Me possa proteger

Tenho um corpo cansado

Uma alma sofrida

No toque da pele

Só o frio me aquece

Vivo num leito

De tristezas vividas

Me encontro sempre

Com a solidão

Sem qualquer esperança

Com tanta sede

De um lindo amor

Mas só posso seguir

Na incerza do caminho

Onde não há sorte

Há apenas mais um passo

Sem nenhuma vontade

Pois na realidade

Nem tenho um lugar

Nem para ir

Nem para chegar

Ninguém me espera

Não há um abraço

Nem leve, nem apertado

Só há saudade

Do que nunca acontecerá

Posso até jurar

Amo mas sei que não há

Amor por mim em você

Até mesmo porque

Foi o que o ouvi me dizer

Quero viver em sonho

Mas sonhar não pode ser

Negar puramente a realidade

Isso seria irresponsabilidade

E fatalmente me feriria

Em cada despertar

Por ao abrir os olhos ver

Que aqui não existe você

Os sonhos que quero

Serão sonhos no eterno

Campos esverdejantes

Onde o tempo passa

Em vôu de borboletas

E pelo ar

Um perfume vaga

Enebriante

Nesse lugar de eternidade

Dor não se sente

Tudo é leve

Não é insanidade

É um lugar radiante

Onde existirá

Cantos de passarinhos

Filhotes nos ninhos

E minha alma descansa em paz

O esquecimento não é definitivo

É somente passageiro

Só há amor inteiro

E pra ser sentido

Dividido

É nesse sonho

Que terei o sangue

Estancado nesse encanto

Mesmo sendo sonho

No sonho eterno

Me proponho ficar

Abraçada a mim mesma

Mas a te amar

Essas são minhas palavras

Esse é o meu sonhar

Amar no além

Aquele que não me ama

Por ser amor no desterro

Amor que não causa dor

Só não quero a realidade

Por ser amor sem amor

O que viver estou

E ser essa minha dolorida realidade

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 14/09/2023
Código do texto: T7885749
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