Tempo de cura

Se por muitas vezes me olho e não me encontro

Como pude eu pensar que você conseguiria

Olhar e enxergar para muito além

Do que eu mesma não via

Eu mesma de mim escondia

Antigas feridas

Há tanto tempo feitas

Por pessoas que nunca nem sequer de mim se lembram

Tentei a hemorragia de cada uma estancar

E tudo que consegui foi seguir fingindo

Que eu não mais as estava sentindo

Fingi para o mundo

Fingi para você

Mas fingi por muito mais tempo

A mim mesma por não as querer ter

Fingindo segui achando que acharia um caminho

Onde minha estrada fosse mais florida

Mas foi puro engano

Não se segue a diante sem curar o se esconde

E antes que eu percebesse tudo que eu escondia

Me trouxe de volta ao que em mim doía

Vivi por um tempo um sonho em névoa envolvido

Sonho em que eu tinha um amor que eterno seria

Era tão lindo o sonho que quis que as feridas

Não tirassem a beleza das cenas daquele sonho

Mas ao dissipar da névoa

Tornou o sonho algo sombrio

Fazendo com que que não houvessem flores

Nem palavras de amor

Que no lugar do sonho, outras feridas

E foi nesse momento que percebi

Não poder viver num sonho

Sonhos são irreais

Foi tudo um engano

Tentando fugir de mim, outra vez me perdi

Mas dizem ser nesse tempo de se encontrar perdido

O tempo de mais perto estar de se encontrar

Quero crer ser essa uma verdade

Pois estou muito cansada de seguir perdida

Caminhante solitária nessas vindas e idas

Sempre acordada, sem sonhos

Sempre no meio dos restos

Do que não possui mais vida

Em uma saudade sombria

Em um amor de desengano

Espero o fim do que achei ser um sonho

Para poder seguir curada

Pode até ser sozinha em uma nova estrada

Mas sem esconder nem de mim, nem de ninguém

Absolutamente mais nada

Nesse novo tempo não procuro por ninguém

O único encontro que desejo é comigo

Completamente curada

Para não mais precisar de sonhos

Nem viver outros desenganos

Por isso, nesse novo momento

Preciso dizer que me arrependo

De cada ferida que ocultei

De por as tê-las vivas

Ter deixado o medo ocupar

Toda minha razão

Fazendo mais feridas

Nesse pobre coração

Mas é fato que não pensei

Nunca nem imaginei

Que minha insegurança

Nascida ainda quando eu era criança

Pudesse mais feridas fazer

Mas fizeram, não irei esquecer

Por isso nesse tempo é tempo de curar

Cicatrizar e continuar

Assim como você

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 10/09/2023
Código do texto: T7882504
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