Na escuridão
Estive aguardando a aurora
Em outra noite em que os olhos abertos
Estiveram no breu da noite
Olhando pela janela
No meio da escuridão só havia
Mais do silêncio agoniante
Que no meu peito arde mesmo em noite fria
Parada, apenas vagando no breu da noite
Entre pensamentos soltos sem qualquer alegria
Tudo que eu escutava
Era o sussurrar do vento
Misturando mais meus pensamentos
A vontade que eu tinha
Era de sair correndo
Gritando aos quatro cantos
Tudo que eu sentia
Mas fiquei ali sentada na janela
Também em silêncio
Nos pensamentos perdida
Foram tantos enganos
Tantas coisas guardadas
Tantas que não deviam ser faladas
E enquanto eu pensava
E o vento soprava
Um frio intenso me tomava
Não só por fora mas também por dentro
Quase me congelando
Mas mesmo assim não me movi
Fiquei ali sentada
Olhando pela janela
Vi a luz invadindo a escuridão
Trazendo os primeiros raios
Vi a escuridão partindo
E nesse invadir dessa luz
Vi dos meus olhos serem inundados
E as lágrimas irem os esvaziando
Mas não vi parar de doer
Não vi o silêncio partir
E de repente vi alguém meu mundo invadir
Perguntando o porque de eu estar ali
Continuei em silêncio
Apenas meu corpo ergui
Saí da janela como a escuridão que vi
Ser expulsa pela luz do dia que amanhecia
Já faz tanto tempo…
Uma vida de silêncios
Uma alma entristecida
Um sentimento imenso
Perdido no silêncio
Só para dar a essa vida
Algum agrado, um momento
Não carregado por dor ou lamento
Gosto de imaginar
Que nesse teu silêncio
Estás a pensar
Em mim em algum momento
Mas sei ser criação
Desejo apenas do meu coração