Febre de amor
Percorre o meu corpo
Um arrepio louco
Que o faz tremer
É tomado por uma febre
Que o sangue ferve
E alucinações faz ter
Nos momentos que essa cede
Volto a consciência
E por tudo vivido
Chego a perguntar pra que
Pois quando alucino
Saio desse mundo
E consigo esquecer
Tudo que me falta
Essa dor na alma
Que nada aplaca
E somente essa febre
Me faz por um momento
Viver em outro tempo
Onde nada faz doer
E escuto bem baixinho
O piar de um passarinho
Que lá no seu ninho
Tem amor e carinho
E nos primeiros pios
Aprende a viver
Com toda liberdade
E o ouvindo lembro
Que nunca tive um ninho
E isso é dor que consome
E só com a febre some
Só com a febre sonho
Os sonhos mais lindos
Onde os meus caminhos
Não possuem espinhos
O amor não é parco
E meu sorrir é farto
Nesses momentos febris de sonhos
Não existe abandono
Não sou sozinha
Minha alma é cheia
De todas as coisas
Que fazem as pessoas
Amadas sentirem ser
O meu mundo é lindo
Perfumado e florido
As palavras a mim ditas
São sempre as mais bonitas
Em febril delirar
Sinto ser por quem amo
Também amada ser
São deliriosas as noites
Madrugadas e dias
É um sentir delirante
Um mundo que nasce
Na febre que arde
Tudo eu sei ser
Mas prefiro a febre
Do que nada ter
Pertencer consciente
A um mundo vazio
Onde nem arrepios
Me faça ter
Se isso é ser louca
Me deixe assim ser
Prefiro estar louca pela febre
Do que consciente a sofrer
Na loucura febril
Posso dizer ser
Ao menos assim
Eu fui feliz
E se depois eu morrer
Nessa febre ardente
Partirei sorrindo
Por poder dizer
Que a morte me levou
Sem nenhuma dor
Enquanto alucinava e vivia o amor