Pequenas lembranças

Somos seres estranhos

Nossas emoções, já nos primeiros instantes

De um novo dia

Nos revelam bastante

Se esse será triste ou de alegria

É o despertar, não apenas do corpo

Junto também desperta as emoções inquietas

O coração revela

Nas tuas batidas

Na forma apertada que no peito se ajeita

Ou se sente solto como pipa ao vento

E nesse jeito revela todos os sentimentos

Cada dia um dia

É a verdade incontestável

E será sempre enquanto houver um amor guardado

Pois amor não foi feito

Pra ficar preso no peito

Silenciado na boca

Que guarda tantas palavras

Amor não é possível

Manter escondido

Amor é sentimento livre

Se revela e externa

Através de tantas coisas

Se não pode ser liberto

Vira fera

Luta

Berra

Tenta se libertar

E é nesse tempo

Nesse louco movimento

Que machuca

Fere

Chega quase a matar

Somente quando depois de tanta luta

Se põe a descansar

É que vivemos pequenos momentos

De um quase não pensar

Que dura pouco tempo

Pois basta algo o despertar

Uma simples lembrança

Uma música no ar

Uma palavra ouvida

Que nos fora antes dita

Ou apenas acordar

Que o amor vem com tudo

E tudo ressurge

De uma forma singular

Não há tempo que apague

Ou mesmo diminua

Um amor verdadeiro

Tudo que fazemos

E tentar nos acostumarmos

A dor sempre presente

A pessoa sempre ausente

A nos obrigarmos a nada esperar

Acreditar que não é um tempo

Que será assim pra sempre

E que nunca mais o coração será

Completo por inteiro

Pois sempre lhe faltará

O retorno daquele

Que nele sempre habitará

E assim vamos vivendo

Uns até tentam negar

Procurando em outros abraços

O que nunca encontrará

Eu, por outro lado

Deixei o coração falar

E guardei-me no teu silêncio

Para não mais me machucar

Pois outra verdade

Que o amor tem para ensinar

É que para ser completo

Ele precisa encontrar

Naquele que se ama

Um amor também singular

Do contrário é mais solitário

Amar e amada não o ser

Machuca mais que amar e sozinha ser

Então te amo calada

Só permito que saiba

O vento e os passarinhos

À eles revelo baixinho

Meu amor e minha dor

…

Hoje acordei mais triste

O frio me recordou

Trouxe-me à memória

A imagem que ficou

Dos teus pés com meias

Uma de cada cor

Guardando-os do frio

Isso me trouxe a dor