MIOLO DO MAR

MIOLO DO MAR

 

Os mariscos é que limpam o mar,

E celebram nossos dias de Atlântida,

Atravessam o abismo a buscar,

Cada pérola da concha platônica.

 

Eles servem a Vênus e Netuno,

Pois guarnecem o mar e a praia,

Abrem as conchas até para Juno,

E doam a sutileza às arraias.

 

Vindos do mar, nossa vida e corpo,

Chegamos todos em suor e maresia,

Até quando cada ilha seja conforto,

Pois sempre há desertos e agonia.

 

No mar temos capitães e marujos,

Lá havendo vulcões e tartarugas,

E seu relevo aceita os caramujos,

Como os polvos de águas escuras.

 

No miolo de suas zonas abissais,

Nós podemos sonhar com o cosmos,

Pois de lá avistamos outros portais,

Ante os cemitérios de meteoros.

 

Lá também podemos ver estórias,

Do que se vislumbra das estrelas,

Pois retratam a luz e a memória,

Que só o divino pode concebê-las.

 

Mas vamos ter casco ou carapaça,

Pois as tartarugas são longevas,

Mesmo dadas ao atobá que as caça,

Como todo morcego quer a caverna.

 

E os nossos sonhos nos apertam,

Como os dilemas de cada raposa,

Vendo as uvas que não adernam,

E obrigam a buscar outra coisa.