NESSA PEGADA

NESSA PEGADA

 

Havia um pasto entre os bairros,

Mas também andávamos no alagadiço,

Cabelos ao vento e estudo era caro,

Mas somente agora eu sei disso.

 

Vi o jequiezinho dividindo a urbe,

Era um rio de esgoto não tratado,

Mas eu disse ao moço: Não perturbe!

E assim, era a vida no passado.

 

Era grande o terreno da família,

Morando conosco, tios, tias e avós,

Não tinham fortuna, mas era a ilha,

Que ficava ao lado da rua mongoiós.

 

Minha mãe ensinava no Anísio Teixeira,

E meu pai trabalhava perto do mercado,

Eu crescia na sombra de uma mangueira,

E ajudava a deixar o chão encerado.

 

A garotada corria com medo da titia,

Era Alice dizendo o que era certo,

O cinema era à vela, se ela havia,

E se aproveitava pra ler o caderno.

 

Brincar, era após as aulas e de dia,

Pois, à noite, era sopa, leite e café,

E quando o nosso tio Pedro surgia,

Ouvíamos estórias de bicho e chulé.

 

Foi nessa pegada que nós crescemos,

Dando Bom Dia a quem encontrasse,

Pedindo a licença ou agradecendo,

E sendo cordiais com riso na face.