Flor da Jamaica

 

A muito sou levada pelo vento,

Estou muito leve igual uma pluma,

Lenço amarrotado com emblemas,

Uma carta sem destinatário, 

Caco de vidro, talhos, emendas.

 

A muito vivo como calça velha, 

Uma lembrança, um mal súbito 

Desejo sacrificado, uma dor teimosa.

Vejo a flor da Jamaica no Rio Tejo

Nas manhãs de inverno um frio insano.

 

Estou no corrego dos meus incautos

Nas palavras que cai da boca ao chão,

Fonte de beijo nos contos de causos.

Estou do vale da morte a flor do sertão.