Amanhã
A vida é feita de incertezas
O que hoje pensamos ser pra sempre
Amanhã num sopro do vento
Tudo muda de lugar
Já é noite
Lá fora a escuridão domina
Poucas estrelas brilham
Nessa cidadezinha
Hoje meus olhos ainda abertos
Vêem pela janela
Essa noite que lá fora
Tem um coração e bate
Pulsa insensante
Mas nada garante
E por isso te peço
Se acaso no alvorecer
Meus olhos fechados permanecerem
Apenas abra a janela
Liberte minha alma
Deixe que ela viva
Esse dia que já não terei
O calor que não sentirei
Nem a luz que erradia
Criando nuances e cores
Também te peço ainda
Não derrame lágrimas
Deixe-as bem guardadas
Não lamentes minha partida
Será a primeira vez
Que sozinha partirei
Sem sofrer por solidão
Nem terei mais um coração
Não me será tristeza
Mas grande alegria
Terei tido antes dessa aurora
Minha noite mais linda
Partir sem ter conhecido
O que mais era meu desejo
É somente um alívio
Um longo beijo
Então abra a janela
Deixe o ar entrar
Antes que me levem
Deixe essa brisa me tocar
Assim a minha alma
Poderá levar
Um pouquinho do perfume
Que esse corpo abandonado
Exalava pelo ar
Essas eram minhas alegrias
O céu que eu vivia
Quando na janela sentada
Vinha o vento me tocar
E voarei nas asas
Desse vento que entrar
Seguindo meu caminho
Sem mais espinhos
Então não são necessárias
Nenhuma lágrima
Basta que entendas
A vida não foi serena
Agora poderei descansar
Não digas mais meu nome
Nem minha figura
Se permita lembrar
Apague qualquer lembrança
E se alguma mágoa tiver
Nesse momento da minha partida
Teu perdão possa me dar
Compreenda de uma vez
Que todo amor que em mim havia
Torto, errado ou certo
Eu te dei
Só abra a janela
E me deixe ir
Assim nós dois
Ficaremos felizes
Eu porque fui
Você por seguir
E outros dias lindos
Poder viver sorrindo
Quando amanhecer
Abra a janela
É minha hora
Deixe que minha alma
Voe e vá embora