Febril devaneio

Doces são as ilusões

De quem em devaneio febril

Não sente o que é verdadeiro

E viaja por sonhos

Como se não fossem ilusões

Passageiras miragens

Que a alma enebria

Enquanto o corpo treme

Pelo frio do que lhe arde

E o põe a viver

Fora da realidade

Arrancando da alma

Os sentimentos que esconde

Nesse instante nada consciente

Grita insensata

O amor que sente

Mas para quem olha

Ouve tais gritos febris

Logo sabe não ser realidade

A tal felicidade

Que diz sentir

Pois unidas as palavras

Descem amargas lágrimas

E com isso evidenciam

Ser apenas delírio

De alguém que ama

E vive sem essa chama

Perdido entre desejos convergentes

Quando um traz o desejo

De arrancar tudo do peito

E o outro chora e pede

Para que o amor que sente

Toque naquele que se ama

E o faça presente

Nessa agonia

Em meio a febre que não cede

A boca externa sonhos

Mas não a realidade de agora

Enquanto arde o corpo

Parecendo queimar no fogo

E a consciência se faz ausente

Essa figura desfalecida

Pela primeira vez na vida

Se vê envolvida

Pelo ser que ama

Abre até um sorriso

Num esboço de alegria

E nessa loucura

Diz estar feliz agora

No passar do tempo

Entre remédios e panos

A febre vai baixando

E o sonho apagando

Volta a pobre menina

A real realidade

Continua sozinha

Muito longe da felicidade

E agora consciente

A boca guarda as palavras

Pois sente que o dito

Que aos ouvidos

De outros chegou

Não eram outra coisa

Senão devaneios

E se sentindo boba

O corpo dolorido encolhe

O rosto esconde

Entre as fronhas

Enquanto novamente

Mas agora de dor

As lágrimas vertem

Revelando o que sente

Sabendo que só nela restou

E pouco a pouco

O quarto se esvazia

E olhando ao redor

Novamente sente

Está outra vez só

Tentando aliviar

Um pouquinho de tanta dor

Fecha os olhos

Tenta se entregar ao cansaço

E quem sabe sonhe

Um lindo sonho de amor

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 21/08/2023
Reeditado em 21/08/2023
Código do texto: T7867181
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