RETIRANTE
Não havia chão,
as cicatrizes
prometeram apenas sustentar seus passos,
os sonhos — já se esquecera —
se semearam em terrenos inférteis.
Estavam mortos ... mornos,
na tepidez
da esperança
ingênua ...
na aridez
do útero da terra.
Escolhera
a desditosa caminhada,
haveria de encontrar lugar
para sua dor
e a ausência das lágrimas
que o sol evaporou.
O tempo se curvou
na indiferença de sempre
o mesmo amanhã,
seu espaço não coube
no vazio,
nem na existência inexistente.
Apenas a sensação
de sobrevivência vã,
um caminhar sem fim,
como quem procura uma penitência,
se retirando da vida ausente.