Um portal de renascimento
Ano que se foi
Ano que se faz
Ano que se constrói
Ano de casulo
Ano de compreensão
Ano de reconhecimento
Do que caos que estava fora
Porque vinha de dentro
Ano de reforma
Ano de catarse
Ano de rupturas,
Distanciamentos e reaproximações
Ano que evapora
Ano que transforma
Líquido em gasoso
Densidade em leveza
Ano que tudo leva embora
Ano que reconstrói
Ano que repara
Ano que revela
Ano que recupera
Ano que cura, finaliza e movimenta
Ano que faz o que é certo
Mesmo que doa como nunca
Ano que tira o conforto
Ano que faz crescer
Ano repleto de trabalho
Ano de limitações, impedimentos e
Resignação
Ano de humildade
Ano de confiança
Ano de entrega
Ano para rasgar o coração
Lavar as mágoas e os ressentimentos
Ano de perdão, compaixão e espera
Ano de esperança
Ano de paciência
Ano de fé para suportar a metamorfose
Ano de rastejar no chão
Ano de aprendezidado
Ano de dedicação
Ano de doação
Ano de compromisso
Ano de renascimento
Ano de redescoberta
Ano de reconhecimento
Ano de virar borboleta
Ano de florescimento
Ano de prazer
Ano de simplicidade
Ano de contemplação
Ano de alegria genuína
Ano de turbilhão de emoção
Ano surpreendente
Ano de fortalecimento
Ano de lágrimas infinitas
Que dissolvem todo o máu de dentro
Ano de sair do chão
Ano de ficar de joelhos
Ano de firmar as próprias pernas
Voltar a caminhar, dançar, ensaiar correr
Ano de recuperar a força
Ano de arte e beleza
Ano de descobrir as asas
Ano de errar, cair, levantar sozinha
Ano de voar
Ano de gozar
Livre feito beija-flor
Extraindo néctar do girassol
Que emana luz, mostra o brilho
E faz perder o medo de ser
Filha de Òsún
Encantada na tua magia
Ora yê yê, minha mãe
Um ano que foi teu e nos teus braços
Me des-cobri flor