CISCO E CEGUEIRA

CISCO E CEGUEIRA

 

Um cisco caiu em teu olho,

Quando buscou ter ideologia,

Desde quando tu eras caolho,

Qual pirata no mar da Bahia.

 

Tão incrível no mar é o cisco,

Se não há poeira no meio do mar,

Como também não temos corisco,

Mas a tromba d'água é de lá.

 

Pode ser a cegueira da maresia,

Que joga gotas de água com sal,

Mas também o horizonte de dia,

Pois, à noite, já seria normal.

 

Eu veria, se a nuvem partisse,

Que o verão fosse minha estação,

Como a lua a dizer da crendice,

Que São Jorge more com o dragão.

 

Bem daqui, com a mente de lupa,

Vi também as crateras lunares,

E pressenti os que têm a culpa,

Quando preso eu vivi em Antares.

 

E pensei sobre fé e liberdade,

Pois disseram que me salvariam,

Mas não temo essa infelicidade,

De ver quais martírios seriam.

 

Sofrendo a tortura de um tiro,

O praça viu o banho de sangue,

E sentiu o tremor do suspiro,

Ao supor ter a morte seu nome.

 

Ele perguntou o motivo da guerra,

Quando soube ser birra de homens,

Mas esses homens subjugam a terra,

Pois são tiranos e lobisomens.

 

Eles têm lacaios até na justiça,

Como sensores de um Consul romano,

Ou os centuriões de cada milícia,

Quando o poder é um vício humano.

 

Mas os dias apenas se parecem,

Como não são iguais os dedos,

Pois há narizes que só crescem,

Pela mentira ou tolos segredos.

 

Os hereges destratam até amigos,

Ou matam com o ódio ou de fome,

Vivem entre sádicos e perdidos,

E traem dizendo: - Eis o homem!