EXTRAVIO
Onde estará aquele sonho ?
Do extravio restou ao tempo
a incumbência de ocultá-lo.
Estará submerso
desvairado nas profundezas
do pélago desconhecido ?
Nas noites tento resgatá-lo,
sob insones pesadelos
nas formas incompreensíveis
de obter de mim
o que me recusa o sonhar.
Enquanto a vida se dissipa
e leva consigo as irrealizações,
à terra comungam-se
meus pecados,
insepultos,
levantam-se em arrependimentos
e regurgitam
o que, insurgente,
não quer ser esquecido.
Ainda procura uma resposta,
na orfandade de uma pergunta melhor,
nesse interim,
nas dúvidas e dívidas,
sinto-me amputarem os passos
A estrada se faz demasiada longa,
a solidão, companheira infatigável,
me asfixia...
Onde estará aquele sonho?
Será que está sonhando, sôfrego,
tentando, desesperadamente acordar ?