A ave

Sacudiu as asas na poeira.

Depois...

Vi, ao longe,

sacudi-las na poça d'água,

antes de subir e pousar,

como sempre faz,

na laranjeira, aqui em frente.

Outro dia, lá estava,

valsando de asa alçada

para a fêmea.

Agora montam ninho.

As penas brilham

de felicidade.

Ao amanhecer,

entoa um canto vencedor

e a companheira freia o voo,

vindo empoleirar-se ao seu lado

O cheiro da flor de laranjeira

me distrai.

O amor está em tudo.

curiosamente,

em tudo.

(Do livro Abstratos poéticos)