Dito em silêncio

Há tanto a dizer

Sem que possas me ouvir

Talvez algum dia

Em um lugar qualquer

Um no outro se esbarre

E tudo se refaça

Por ouvir minhas palavras

Que hoje estão guardadas

Mas enquanto o tempo passa

Sei que segues teu caminho

Como eu tenho seguido

O que pelo destino

Me foi concedido

Tenho sentido, por tudo vivido

Que nossas vidas são como um jardim

Plantas floridas

Perfumes e encantos

Mas por algum processo

Naturais ou da falta de cuidados

Caem as flores

O perfume não há mais

O que era encanto

Torna-se um canteiro morto

Onde o olhar não encontra mais

A vida pulsando

A beleza inebriante

E fica na memória

As lembranças desse tempo

Que por uns momentos

O sorriso de novo traz

E nesses momentos

É a verdadeira hora

De dar vida ao broto

Trazer a vida pro canteiro

Ou o deixar morrer

E nesse instante

Da decisão tomar

É que na vida provamos

Se verdadeiramente amamos

Ou apenas nos aproximamos

Sem compromisso

Apenas para aproveitar

Daquilo que o outro

Cuidava por amar

Nosso canteiro

Vive essa espera

De que você permita

A entrega do cuidar

Está entre as premissas

De quem ama de verdade

Viver com intensidade

As flores e perfumes

Mas também não se afastar

Quando no espinho se machucar

Como me dizia

A vida não é conto de fadas

Não existe o perfeito

Então só pense um pouco

Por que a mim isso não se aplica

Por que achava

Que eu nunca falharia

Se eu te dizia

Que o que eu mais queria

Era que viesse

E nos meus olhos pousasse

Teu olhar e me dissesse

Que vieste e nunca ia me deixar

Hoje sou só um canteiro

Que padece dia a dia

Espero que nesse silêncio

Compreenda o meu lamento

E talvez um dia

Nesse reencontro

Você perceba

Que sempre amei você