QUANDO NÃO ADIANTA

QUANDO NÃO ADIANTA

 

Todo dia lutamos por felicidade,

Fingindo o gozo que nem sempre há,

Chegando ao dia da dita verdade,

Em forma de risos: - Quiá, quiá!

 

Acordar e dormir já não bastam,

Pois entre eles vem a sudorese,

Que escoa nas valas e declaram,

O odor da salmoura que exerce.

 

Pegamos carros, motos e metrôs,

E noutros casos andamos ao sol,

Mesmo quando a chuva nos achou,

E a lama encharcou todo lençol.

 

Era aquele arrepio em cada gripe,

Obrigando o cético a tomar vacina,

Se a morte nos diz que não grite,

Quando o hit é Covid na esquina.

 

O tempo é cíclico e bom ou mau,

Se há tempo de plantar e colher,

Mas também pode haver temporal,

Ou os desertos que ninguém quer.

 

Quando não contemos o apetite,

E a ganância quer ovos de ouro,

Pode ser que ninguém acredite,

Mas vão matar a galinha no ovo.

 

Sempre tivemos atos de desatino,

E criamos até a bomba atômica,

Quando deveríamos ser paladinos,

E buscar ter a vida platônica.

 

Pois não adianta ser mãe ou pai,

Se abortam, mesmo com Ave Maria,

E ensinamos a guerrear no Sinai,

Com a desculpa que tudo é valia.