A SINCRONIA

A SINCRONIA

 

Dormia o meu sono eterno,

Como a Bela Adormecida fazia,

Sem lembrar do furo no dedo,

Nem o mal que sofri um dia.

 

Nesse tempo eu estava iludido,

Sem saber que o mal resistia,

Por ter fé que somos ungidos,

E a graça divina nos contagia.

 

Mas ouvi durante o meu sono,

As palavras vindas nos sonhos,

Como falas que brotam do dono,

A dizer o que não tem tamanho.

 

Tudo aqui é bem mais que real,

E as dores chegam com o tempo,

Como em cada maré há um sinal,

De tudo que transpira no vento.

 

Quem não acredita haver Deus,

Deve prestar atenção onde anda,

Percebendo os detalhes do céu,

Pois terra e mar são demandas.

 

Temos a sincronia dos átomos,

Que nos formam e tudo é lindo,

Mas em nós o pensar é um fato,

Que diverge da rocha e o limbo.

 

Quando o homem deu cores a Zeus,

E também chamou Deus de Olorum,

Foi querendo dizer que Prometeu,

Nos criou para o Aiê e o Orum.

 

Se há fogo no mundo, há água,

E se temos tristeza, há alegrias,

Se é a fome e sede que propaga,

Aprendemos a buscar a alforria.

 

Mas os homens precisam de amor,

Senão nunca vai cessar a guerra,

Pois saber partilhar no esplendor,

Cessa o luto ante a dor que encerra.

 

Lembre tudo de bom com datas,

Pois o cotidiano nos faz esquecer,

Reflita a birra de bichos primatas,

Mas queira a vida e o alvorescer.