Quando você quiser
Ainda trago na lembrança
A primeira vez que nos falamos
Eu estava tão certa
Que ninguém nunca ficaria
Quando tu chegaste
No teu peito trazias
A desilusão
E um imenso vazio
Vazio cheio das faltas
Da crença que tinha
Que ninguém era capaz
De ficar um tempo mais
E esse vazio te fazia
Buscar outras mais
E ir se distraindo
Eu, ao contrário
Meus vazios eu permitia
Que vazios ficassem mais
Pois sofrer eu não queria
Mas no meu peito havia
Além do vazio
Um lugar onde te cabia
E no teu peito ainda existia
Espaço ocupado por alguém
Que já havia partido
Esse espaço devoluto
Te levava todo dia
Me deixando para trás
Enquanto eu sentia
Meus espaços preencherem
Cada dia mais
E você não me permitia
Entrar na tua alma
E pra mim mentia
Nisso fui incapaz
De vencer minha covardia
No silêncio deixei guardado
Tudo que devia ter falado
E nos erros que cometemos
Mesmo com o coração ardendo
Partiste sem ter vindo
Gritavas e me calavas
E seguíamos guardando
Palavras eloquases
Feridas nesse silêncio
Ficamos com as almas cheias
E as mãos vazias
Cada palavra dita
Não dizia o tinha que dizer
E por algum tempo
Esperamos um do outro
O que os dois queriam ter
Mas por ser silêncio
O vazio foi se enchendo
De distância e de dor
Enquanto o amor
Assistia nossa covardia
Hoje já não sei
Se o teu vazio preencheu
Se tens um novo amor
Se a ele se entregou
Se mais nada silenciou
Hoje eu sei
Que meu vazio aumentou
Não tenho outro amor
Meu coração não se entregou
Vivo no silêncio
Por não mais poder
Falar sem doer
Que ainda amo você
Então preciso dizer
Se nada mudou em você
Estou a tua espera
Quando você quiser
Tirar essa armadura
E nossos vazios preencher