ACASO OU SÓ OCASO

ACASO OU SÓ OCASO

 

Quando foi que fomos só o acaso,

E as moléculas se fizeram corpos?

Ou teria dado certo ser só ocaso,

De estrelas caídas de modo absorto.

 

Quando um astro é novo e feroz,

Nenhuma vida se faz realidade,

Mas se o rio estelar tiver foz,

Talvez nos regue com a divindade.

 

Falar sobre algo pode ser impossível,

Quando Deus não é tempero de massa,

Mas posso dizer do seu lado crível,

Que é sem denotar como se disfarça.

 

Deus não acredita e não é preciso,

Por ser quem existe e sendo oculto,

Mas Deus não tem gênero e nem riso,

Pois graça não há em piada de mudo.

 

Quando minhas asas forem reveladas,

Talvez ninguém mais possa navegar,

Como ter a aura e a cara marcadas,

Quando só os flashes irão revelar.

 

Não sei do princípio e se houve,

E nem de um fim que tanto se fala,

Mas creio num segredo que coube,

E vai resguardar tudo que cala.

 

A escala do tempo eu vejo na gruta,

Quando seu teto tem o dedo no chão,

Pois nela os dias não querem permuta,

Mas amadurecem sem amor ou paixão.

 

São regras benditas e tão únicas,

Pois falo da vida em cada momento,

Ou quando ocorrem guerras púnicas,

Que cessam as fogueiras ao vento.

 

Pelos cataclismas findam-se eras,

Ou meramente se define quem somos,

Com o acaso de ser mais que feras,

Ou talvez não sejamos humanos.

 

Se fosse diverso o giro do mundo,

Talvez essa vida nem me quisesse,

Pois a coincidência de ser fecundo,

É algo além do que lhe dissesse.