PERENE
Hei de ser
o que em ti não me encerro,
das lembranças
sepultadas em eras ainda
de esperanças
sou eu que elas desenterro.
Entre ser
o criador e esta inquietante
criatura,
hei de ter um último
momento
do tamanho do infinito
que perdura.
Hei de achar-te
no meio desse vazio
e deitar-me em ti por inteiro
e banhar-me de ti
até que o último rio
me roube
a cama
para que não se seque o leito.
Hei de conjugar-te
nas formas imensuráveis
de amar
e de arrancar-te o verbo,
e de mim arrancares a verve
até não ter mais o que
falar.
Então seremos somente
silêncio,
ensurdecedoramente,
silêncio,
na forma mais perene
de sonhar.