Frio que não passa

Um gélido frio percorre o meu corpo

Ao abrir a janela bate em meu rosto

Uma brisa comum a aurora

Mas que toca-me como faca

Fazendo doer a face nua

Que rubra em febril delírio

Jura tê-lo visto

Em um ponto distante

Vindo lá por trás dos montes

E um tímido sorriso

Enfeita meu padecer

Dando-me forças para na janela

Com todo frio que há nela

Querer permanecer

Mas num piscar de olhos

Quando volto a olhar

Já não o vejo

Foi um lampejo

E o sorriso se desfaz

Carrego o meu corpo

Fazendo grande esforço

Para o leito onde jaz

Os sonhos agora mortos

Os planos de outros tempos

As palavras que no vento

Se perderam no nunca mais

E entre tantos fantasmas

Deito-me tentando

Não delirar mais

Enquanto o meu pranto

No travesseiro cai

E se me perguntar por que choro

Eu apenas digo

Das dores do corpo físico

E nada mais

Não conto do que sinto

Do amor que meu peito traz

Finjo que é só isso

E que o tempo logo irá

Curar tudo que sinto

E chorar não irei mais

Deitada nesse leito

Encolho-me

Respiro devagar

Tentando acalmar

Essa alma desprezada

Com quem a vida foi capaz

De tirar qualquer centeio

Onde encontrasse paz

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 07/08/2023
Código do texto: T7855900
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