Paz e poesia
Não dá para ver a poesia como estática,
pacífica e calada.
Ela tem que derramar, tem que escorrer,
tem que ter versos que se entortem
para passar entre pedras, em fendas minúsculas.
Tem que ter a rebeldia objetiva de quem luta,
de quem protesta e sai à rua.
Poesia tem que ser expelida pela pele, em gotas suadas de inspiração,
tem que causar reações calorosas na mente.
Tem que limpar o corpo e a alma
e ,ainda assim, ser combativa.
Tem que nascer tomada de insatisfação.
Não será pacificadora se vier em paz.
(Do livro Abstratos poéticos)