DÚVIDA
Guardei dentro d'algum sonho
o adormecer desta cidade.
Penso em ofertar-te
o que dela me faz despertar.
Eu a olho
como quem procura um amor fugidio...
Na espera incessante
de tuas frontes de cimento e sentimento,
hei de cultivar flores em tuas sacadas
e dissecar as dores nas lágrimas sacadas.
Penso em devorá-la,
mas sou eu quem deixa uma parte nos teus horizontes.
Abandono-me em teus
ocasos
e nos
acasos
procuro te encontrar.
Esta cidade, como tu,
é a cidadela de toda saudade,
e,
talvez por isso,
repouso sem saber
em qual de vocês duas
devo verdadeiramente habitar.