Progresso

Golpes de machado

Dor da madeira

Não importa!

É preciso aquecer caldeiras

Amornar mamadeiras

Das tetas da sujeira.

O vai e vem do serrote

O sangue vegetal derramando

Não vem ao caso!

Precisa-se de tábuas

Caibros e ripas

Para as casas

De guardar lucros.

Serrarias modernas

Destrinchando metros de toras

Árvores abrindo clareiras

Na alma e nas moleiras

Que importa?

Ganham as empreiteiras.

O barulho dos tratores

O pisotear de enormes rebanhos

Onde o mato foi arrancado

Progresso desumanizado.

As enxurradas

Desastres ambientais

Nada de espanto

Dane-se o pranto

Muitos vivem o luto

Uns poucos comemoram.