Tua figura
Antes da tua figura
Minha adorável criatura
Tudo eu calava
Calava o vento
Calava céu
A luz
Calava meus pensamentos
Calava a noite
No frio não tremia
Calava o cansaço
O sonho antes que se faça
Calava os passarinhos
Não via nenhum ninho
Enquanto o ar buliçoso
Insistia em seu movimento
Doce eu fazia o esquecimento
Apenas a mim eu permitia
Tudo brando
Em silêncio adormecida
Após tua figura
Tudo ficou para traz
E minha dura sorte
Do furor não foi capaz
De manter-me protegida
Todos os meus receios
Vivos se fizeram ser
Meu coração, antes esculpido
De tudo protegido
Viu-se partido
Após vossa figura
E no verde de teus olhos
Minha alma perde-se no cais
Os suspiros de outrora
São as lágrimas que agora se fazem
Só meu amor não parte
Mesmo com tua partida
Era doce a esperança
Agora já perdida
Ceguei-me em meus desejos
E peço-te somente
Dai-me paz na minha triste vida
Ou me ame agora e sempre mais
Tire-me desse tormento
Livre-se dos despojos dessa alma entristecida
Que o mal que sente
Morra por saber
Que teu socorro a mim
É o amor a se fazer
Se não podes por um fim
E o perdão dá-lo a mim
Guardarei comigo
O meu triste segredo
Nos galhos da mais alta árvore
E todos os meus queixumes
Enterrados sob a terra
Não tocarão os sinos
Partirei e porei um fim
Me tornando peregrina
Nessa terra sem destino
Carregando sempre comigo
A beleza da tua figura
Que atrasará meus sentimentos
Entre luz e noite escura
Só deixo um delicado aviso
Claramente minha mente
Delirará e desatinará
Pois esse amor
É trança que nada desfaz