Sem porto
Caminhando pela vida
Tantas coisas experimentei
Umas lembro bem
Outras eu nem sei
Não por esquecimento
Mas por não ter conhecimento
Hoje, com o que sei
Imagino o que passei
Compreendo meus sentimentos
Sei o que de mim fez
O caminho é longo
De difícil atravessar
Pouco me foi dado
Para conseguir continuar
Entre quedas e tropeços
Vou tentando encontrar
A direção, o endereço
Um mapa pra navegar
Qualquer coisa que me guie
Onde haja um porto para parar
Já nem procuro companhia
Tanto tempo sem luz do dia
A solidão sempre esteve comigo a morar
Confundi só por um tempo
As coordenadas nesse mar
Em direção errada estive a sonhar
Acreditando que o socorro ia chegar
Fosse por terra ou pelo ar
Mas ao primeiro vento
Se dissipou no ar
Trazendo de volta o silêncio
Enquanto a solidão ria sem parar
Sei que confunde por solidão
Mas nesse sonho entreguei meu coração
E mesmo em meio aos ventos
Por mais tempo que esperei
E fui percebendo que era sonho meu
Me sentia tão horrível
Que no chão eu fiquei
Inevitável não refletir
E toda coragem perdi
Por não ter nada
No sonho permaneci
Não por felicidade
Mas por amar de verdade
Sabendo que me iludi
E por alguns momentos me afastei
Em outros gritei
Em muitos chorei
Só não suportei não ter nada
Por isso vivi das migalhas
Sem orgulho… mas eu precisei
Já não havia equilíbrio
Tudo estava confundido
O sentimento mantido
Mas a razão perdida
Pouco dela ouvida
Tua presença só fez notar
Nas palavras ditas que voavam pelo ar
Nada havia para esperar
Mas foi tão bom sentir
Foi tão bom sonhar
Foi bom me iludir
E por esse tempo fugir
Da solidão a me habitar
Se fui amada eu não sei
Mas amar eu amei
E sigo a amar
Não chegaste até a mim
Mas mostrou-me o fim
E voltei a navegar
Ventos fortes
Tempestades
Enfrentando o meu barco está
Venho me segurando
Para não naufragar
Ondas gigantes
Me lançam no ar
São fortes os ventos
E a tempestade a me cegar
Tudo me lança
Para o alto mar
Onde a vista só alcança
As águas desse mar
A tua figura não consigo enxergar
Só tenho memórias
De um amor em alto mar
Sem nem mesmo saber
Se estive a sonhar
Entre cada sol e lua
Entre cada dormir e acordar
Aos poucos me desfaço
E misturo lágrimas com água do mar
Sem nunca ter um abraço
Ou meu porto para aportar