Distante

A gaivota pisoteia a areia

(Olhos flébeis)

Triste,

como os dias cinzentos,

na beira de um mar

que, distante,

ondeia sem rumo.

Há uma âncora enferrujando

os tempos

e o horizonte vai escurecendo.

O crepúsculo náutico

é tedioso.

A gaivota sumiu

-Mas há o barulho das ondas -

O mar parece adormecer.

Eu canto, solitário,

sem cantos de sereias,

enquanto meus olhos,

úmidos,

esperam o amanhã.

(Do livro Abstratos poéticos)