Paraíso

Permita-me voltar ao lugar

onde se escala pelo ar

sem ruídos, sem plateia,

sentindo o perfume das azaleias.

Sacadas enormes, suspensas,

cheias de vazios brilhantes,

onde o tempo corre diferente

e as horas são meros instantes.

Ali se vive a felicidade.

Tudo branco, tudo igual.

Há troféus abundantes,

que ninguém quer levantar.

Não, não é o céu que se desenha,

nem o paraíso do desejo sonhado.

É um lugar de fantasias naturais,

hoje, atual - sem futuro, sem passado.

(Do livro Abstratos poéticos)