ME DEPRIMEM

ME DEPRIMEM

 

Meu pranto agora é como chuva,

Inconstante e por conta da dor,

Como a tristeza de cada viúva,

Perante o esquife do seu amor.

 

Também choro por cada conflito,

E me deprimem no mundo que vejo,

Pois contrastam beleza e grito,

Mas há filas e licenças do nojo.

 

Esse mundo não é como ontem,

Pois nada por aqui se repete,

E os rios já secam as fontes,

Ou dependem do poço que fere.

 

Tudo agora é tirado à força,

E o abacate chega sem estação,

Nem o deserto é modo de coça,

Pois enchem de água o Jordão.

 

Só não mudam a inveja humana,

Se os dias já não partilhamos,

Nem há escambo, rede ou cabana,

Tendo donos de sol, lua e anos.

 

Mas ninguém voltará do oriente,

Quando o tempo for de cada lugar,

Como o vento será transparente,

Se não tenho a poeira e o mar.